15.7.17

La Voz de Los Demás

La Voz de Los Demás

Después de la euforia me enfria el desguace
Podría ser letargia pero quizás sea sólo paz
Es silencio, pero quizás la próxima herida por estallar

Me habla un semi conocido, de algo que no sé hablar
Sus vueltas me hacen cansar y a la vez me hacen pensar

Ya no busco nada; quiero ser hallada de golpe
Prefiero estar a merced de un soplo fresco
De estos que te hacen acordar como es sangrar

Te contaría que por amor, ya no espero lo de antes
Me cruzan los lentos de corazón, y yo ni les sé hablar
Pues hay abismos que sólo Charly se les podrían presentar

A veces me choco con la superficialidad
Por a la sencillez insistir cazar
Podrá ser letargia pero quizás sea sólo paz
No sé diferenciar mi voz de la de los demás

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15/Jul/2017 - Buenos Aires, Argentina - 20h17

10.7.17

Esta extraña influencia

Esta extraña influencia

                                                                              Dentro de mim ferve uma pomba-gira tímida e coqueta, que crê fortemente em sedução por olhares, e na força das palavras não-ditas.

Vim ao teatro; um off em Boedo.
Escolhi a peça e fui. Cada vez fica mais cômoda a experiência de sair a solas.

Cheguei, estava fechado, com uma lousa: "Estamos en función. Favor no abrir la puerta" - insólito. Breve espera; acompanhada de meu celular, e troca de áudios com mi mamá.
Poucos minutos depois abriu a porta um mocinho lindo, bastante comum mas lindo. Coqueteei com olhares mudos, e entrei. O espaço era bastante peculiar, como todo teatro alternativo: haviam diversos objetos colgados nas paredes, entre varietés e bonecos de papel machê.
Ao fundo, um casal falava com uma funcionária do local; o homem contava a ela sobre suas estadias e passadas por São Paulo y Rio de Janeiro, num misto de dicas, diálogo pouco mútuo, e passação de fatura - mal imaginavam eles que ali estava eu, brasileira, criticona e discordante.

Um pouco inquieta, um pouco incômoda, mas buscando me adaptar, esperei alguns minutos entre celular e devaneios. Me animei a me acercar ao barzinho popular do local:
- Hola, tenés agua? - pergunto ao garçom, também lindo.
- Sí, te doy un vaso - me diz, muito amável, e inesperadamente me olhando nos olhos.
- Dale! Bollet... botella no tenés? - devolvi, idiota e orgulhosamente sem-graça diante da gentileza atípica.
- No, no hay, pero te doy un vaso, es del dispenser - me diz sorrindo, e se vai pelo copo de água.
- Muchas gracias. Y este vino es tinto? - pergunto olhando para a lousa com preços.
- Sí, es este - e me mostra a garrafa. Olho consentindo, como se conhecesse a marca. Pago com troco certo - uma obrigação-educação que aqui aprendi para conseguir tirar um pouco de gratidão e gentileza dos comerciantes porteños.

A peça começou, observei atores e seus gestos, me fixo pouco no texto. Encarno um personagem detestável de olhares críticos e atentos.
Mas minha viagem mesmo é outra: tudo isso é um encontro comigo mesma; uma saída do casulo; un intento de animarme a despegar. E bêbada, com uns tragos na cabeça é mais fácil; sóbria sou detestável, racional, irremediávelmente processual.
A peça descorre; entre meus devaneios embrigados, sigo no meu personagem crítico e observador. Um dos atores me chama a atenção pela jovialidade de um moleque, e me faz lembrar de Juan P., um nene de pinto pequeno e olhos ternos que conheci.
Termina a peça e sigo com meu personagem crítico-observador. E acredito que um dos atores nota isso (ou fatalmente me sentei no lugar que ele usa como ponto de fuga, que sé yo...)
Me vou do teatro, automaticamente morto após o fim da função. Mas algo no meu espírito foi reacendido; um demônio velho amigo meu, buscando noite, brisas, álcool & histórias. Escrevo para os únicos amigos, num intento inútil de buscar a companhia parceira e adequada, mas essa ficha cada dia desce um pouco mais: os ditos amigos já passaram do prazo de validade; já não seguirão os velhos novos e necessários ritmos desse demônio.
Ainda assim me forço a encontrar um deles em uma pizzeria da Av. Corrientes: apenas comemos, e jogamos as mesmas palavras e assuntos repetidos ao vento; ambos fingindo novidade, e eu, fingindo normalidade.
Se termina, pedimos a conta e nos vamos: sigo buscando. Munida de meu novo companheiro, um fone de ouvido, ponho temas de Charly García, e vou lamuriando Canción 2 x 3, esperando um ônibus que felizmente não veio.
E me aventuro; caminho pelas ruas do Congreso, ruas essas que tantas vezes andei a essa mesma hora, mas acompanhada, na segurança da presença-ausente e distante de alguén(s).
Outras épocas, outras esperanças; menos apunhaladas; menos responsabilidades & noias na cabeça.

Caminhei entre metaleiros e góticos dos bares da Av. Rivadavia; muito breve, mas dando esses que considero os primeiros verdadeiros passos da independência solitária. Talvez motivada por nostagia, talvez por necessidade de rebeldia.
Dei a volta em duas quadras, sem jeito, perdida, errante a caminho de casa, mas querendo ficar.
Parei então num pub horrível da Av. de Mayo, o mesmo ao qual trouxe um romeno egoísta e pisciano que conheci há alguns meses atrás.
Foi fácil entrar: talvez pelos vinhos anteriores, tal vez bajo esta extraña influenza.

O fato é que algo mudou. Puedo ver y decir y sentir, mas é difícil abraçar, ver isso por completo - o que quer que isso seja.
Quero romper com tudo; me virar do avesso. Não é fugir, mas sim encontrar. Reinventar; mais urgente do que só escapar.

E num insight, vítima dessa minha inconsciência boêmia e errante, me dou conta de que esse também é o primeiro bar no qual pisei em 2014, acompanhada de um argentino bancário pervertido, e do qual fugi nos dias seguintes. O mesmo bar.

Son intuiciones? Verdaderas alertas? Não sei. Só sei que quero voltar a botar as cartas.

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10/Jul/2017 - 01h45 - Buenos Aires, Argentina

1.7.17

Devaneios & Resposta às Análises

Uma lagoa buscando ser drenada.

De trânsito invisível, um fantasma
A mirada atenta, a mente uma engrenagem

Flanagens compulsórias, flanagens possíveis
Vítima da Liberdade, refém do Intraduzível

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01/Jul/2017 - Buenos Aires, Argentina - 21h41