12.11.18

Oficina

/// Oficina

Tédio na oficina
É oficina de quem?

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12/nov/2018 - São Paulo, Brasil

9.11.18

Valores

/// Valores

O que vale a vida hoje?

Oito pães de queijo na promoção?
Um fone de ouvido na saída do trem?
100 MB de internet?
Uma passagem com integração?

Vale mais que dinheiro?
Vale a vida longe do dinheiro?

Uma caixa lotada de e-mails?
Café, cappuccino e água à vontade?
Um prêmio de reconhecimento?
Vale tanto quanto a idade?

Existe vida sem capital?
Existe capital sem vida?

Quanta vida temos ainda?

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06/nov/2018 - São Paulo, Brasil


Pílulas de Pandora

/// Pílulas de Pandora

Visitas, encontros ou sessões.
O peso puritano é uma manta.

São só desejos?
Sou também compromissos?
Escolho os rituais e as alianças?
Sei mesmo da pureza do instinto?

Como me desvelo?
Como me cubro?

A imagem: é uma Caixa.
E há um véu sobre ela.

Perguntas, rodeios e mais perguntas.
Mas o cerne concerne a ação:
Como encontrar a ponta do véu,
E a força pra abertura?

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09/nov/2018 - São Paulo, Brasil

5.11.18

Pragmatismo

/// Pragmatismo

O martelar do martelo acolhe em si
Duas antíteses simultâneas:
Destrói enquanto constrói.
Metafísico.

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03/out/2018 - São Paulo, Brasil


27.9.18

Iconodulia Digital

/// Iconodulia Digital

Sinto um enjoo profundo,
Mas há vício nesse mal-estar.

O Brasil precisa de mais terapia.
Toda pia cheia deve ser desentupida,
E será com terapia,
Cidade Alerta ou churrasco.

O que sobrou é a xepa da autoajuda,
Regurgitada em frases e imagens.

"Crie imagens;
Seja designer gráfico.
Compartilhe imagens,
O mundo precisa de imagens."

É o desespero em rede.
"Hoje também não, fulano.
Ninguém se interessa pelo o que você comeu naquele bar."

Hoje, só os cegos vivem em paz.

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26/Set/2018 - São Paulo, Brasil

20.8.18

Septiembre

/// Septiembre

                                                 Si los pesados, mi amor
Llevan todo ese montón de equipaje en la mano
Oh, mi amor, yo quiero estar liviano
Charly García

Deixei tudo pra trás, e já não falarei do passado.

Já não vou ostentar o que é insustentável,
Tudo o que decisivamente já não sou mais.

Ocultarei também de onde vim,
Dissimularei sotaques e hábitos.

Renascerei aos 26:
Esquecerei das andanças;
Do meu nome.

Não carregarei mais títulos;
O passado é uma roupa que se encolheu.

Passarei a viver o que admiro e saio filosofando;
Honrarei aqueles dos quais me alimentei e bebi ideias e compartilhei o mundo.

Madness

Madness

Um bafo quente no pescoço,
Andar numa corda.
- Give in, give up...

Uma presença que corre pela cabeça,
Saltar entre os pólos.
- Give up, give in...

Um centímetro que salva a pele,
Resistir ao que queima no âmago.

E se refugiar em versos.

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20/Ago/2018 - São Paulo


2.7.18

Meritocracia

Meritocracia

Todo escritório
Sempre terá:

Duas cadeiras quebradas
Falta de café
Pouca empatia
Medo e controle
Indiferença gratuita

E alguém loiro chefe.

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13/Mar/2018 - Av. Berrini - São Paulo

28.6.18

Boomerang

Boomerang

Há dias nos quais
Giro e me suspendo
Sobre a órbita
Do meu ser

E dos meus irregulares
Não-lineares
Pensamentos

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27/Mar/2018 - São Paulo

13.6.18

Despreparo na Capital

Despreparo na Capital

Já não há mais sábios:
todos estão presos em seus carros
esperando o abrir dos faróis.

Os amigos já não falam
dos problemas antigos,
pois são só passado.

O cotidiano é um despreparo:
é um ônibus abarrotado de gente às seis da tarde,
em um dia de inverno que fez calor,
e você leva três casacos no corpo.

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12/Jun/2018 - São Paulo - 18h29

5.3.18

Seria Utopia; Anarquia Poderia

Seria Utopia; Anarquia Poderia

Quando todos me disserem:
Irreal
Seguirei idealizando
Sobre humanidades e empatas.

O terceiro poder ocupa também
O terceiro setor.

A lógica e a mecânica;
O engenho e as missões.
Opera desmilagres.

Hippie serei?
Hippie poderia?
Anarquia? Utopia?
Poderia.

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06/Fev/2018 - São Paulo - 21h23

Acabou

Acabou

Crença de descrer
Que um dia
Acreditei
Desacreditando
No seu chorare
Fingido

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08/Fev/20178 - São Paulo - x

Processo Sedativo

Processo Sedativo

Hoje eu afundei na frustração.
Tomou conta de mim uma ideia,
E eu sai tomando decisão.

Quando vem essa corda
Que laça, e desgraça a gente,
Surge lá no estômago um nó;
Só quem noia é que sente.

Na selva eu sou concreto:
Sou múltiplos nãos,
Do pedinte à mulher do RH.

Na selva eu sou papel:
Referências e tipografias,
Registros em cronologias.

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15/Fev/2018 - São Paulo - 21h23