3.4.19

Dos Poetas

/// Dos Poetas

A miséria e a desilusão já não são
Interpretações anacrônicas de poetas mortos:
Agora elas ficam para dormir.

Poetas são seres alcalinos no mundo,
Que filtram e guardam
A escuridão da humanidade.

A garantia do poeta é o
Trunfo do desprezo e da incompreensão.
A ingratidão da posteridade,
Por um presente solitário.

Poetas habitam o fundo, debaixo do tapete.
Poetas são quase ácaros.

E agora sim eu sou poeta: porque
Vivo minha própria miséria, e minha própria época.
Não há tempo para sublimar em
Rimbauds, Baudelaires, e outros malditos.

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02/abr/2019 - São Paulo, Brasil

Nós, os ratos

/// Nós, os ratos

Aluguei meu refúgio interior,
Como um repertório explorável,
Em troca de poucos trocados.

Minhas ideias sugadas,
Que eletrificam a Roda que infarta
E nos matará.

Náusea me invade.
Meus únicos esconderijos...
Minhas músicas; meus livros; meus ídolos.

E quando meu rosto dedurar minha idade?
Em qual vala serei descartada, junto das minhas ideias?

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02/abr/2019 - São Paulo, Brasil