14.12.16

A Roda

Hoje, a 18 dias para o fim do ano, tive uma súbita reflexão, mais dolorosa que as passadas vividas nesse mesmo ano: desconfio de que perdi um ano inteiro de vida.

Essa constatação surgiu após um exercício (talvez falho e simplista) de relembrar os feitos e vividos.
Tirando idas ao Brasil exclusivamente pelo trabalho, nada mais aconteceu - de bom.

Me deixando levar por esse traiçoeiro exercício, vou fechando a conta-desgraça: duas recaídas a um amor não-correspondido-e-não-declarado, aumento da inflação e contas, ganhos de quilos e de novos amigos que já não fazem diferença. Renunciei, à busca pelo amor, e três cursos também. Quando apostei, desisti.

O Tempo é um vazio imensuravelmente insustentável.
Como pode, todo o Passado parecer tão real e próximo, e ao mesmo tempo os doze meses deste ano serem eternos?

Alguém que diz, "é o mal do fim de ano, todos passam por isso"
Alguém que diz, "por favor, se cuide"
Alguém que diz, "você precisa de mais dinheiro?"

Eu me digo, "volto a meditar e ser saudável"
Eu me digo, "mas devo economizar os últimos dinheiros do mês"
Eu me digo, "estou surtando apenas; já vai passar"

Cedo, e logo me afogo num copo; me afago num beck.

Quero estar e escutar a todos. E quero também estar só, desligada e ausente para vocês.

Hoje é noite de lua cheia. Com esperança e ilusão, penso que pode ser isso, mas não sei. Nada sei.

Entre súbitos de angústia e força, quero fazer a Roda girar: ainda que Ela passe sobre mim.

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14/Dez/2016 - Buenos Aires, Argentina - 00h19

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