13.6.16

Chile, 01

19/Dez/2014

- Confesso que não estava eufórica. Há algo acontecendo que me secou o tesão. Pode ser stress, pode ser desilusão, mas a meu modo e passo, estou tentando mudar.

Embarquei, e já reclamei do avião, falta de espaço entre as poltronas, mas o serviço de bordo era ótimo.
Pela primeira vez conversei com alguém do meu lado, e foi a coisa mais afável até agora: uma moça trocou banalidades e eu a respondi ("meu marido trabalha em São Paulo; meus chicos não querem se mudar"), e entre cochiladas e pesadelos, falávamos. Acho que ela ficou com pena de me ver viajando sozinha, o que me perguntou por duas vezes.

Da janela vi os Andes, me emocionou menos que prometia. Chegamos. Antes de pegar uma mala me despedi da minha breve companheira. Saí. Entrei no ônibus.
Como era óbvio, a encontrei novamente, e vinha com um papel na mão, com seu nome e telefone:
Si algo te pasa, llámame - se chamava Marcela.

Agora aqui, a caminho de San Pedro de Atacama, cruzando os áridas e insólitas veias que formam Calama, me dei conta da doçura, desse acolhimento! Acho que ainda há pessoas com o que eu julguei já não existir mais...

Calama é o supremo deserto, habitado por placas de trânsito e estrada. Me pergunto, como Jack se sentiu cruzando os EUA pela 66???

Sou indiferente a voos e aviões, mas a estrada...
A estrada é uma entidade, a estrada respira, é vida.

Neste momento 02 americanos tagarelam em seu sotaque que já não aguento mais.
                                                                                                                         Tentarei reclamar menos.

PS: As músicas cursis estão fazendo a diferença.
- Só quero ouvir e aprender o Espanhol.

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19/Dez/2014 - Calama, Chile


"On The Road" (2009) by Ed Ruscha

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